2023

ARGENTINA

PICO PARANÁ

8 a 11 de junho

Desde 2010 temos ido para a Cordilheira dos Andes. Esta preferência pela Argentina acabou por nos trazer um pouco de constrangimento: e as montanhas do Brasil?

De fato, sempre estávamos variando as opções. No RS subimos diversas vezes o Botucaraí e Itacolomi. Em 2007 estivemos nos canyons Fortaleza e Itaimbézinho. Foi na intensão de valorizar o que é nosso que procuramos saber quais são as mais altas montanhas do BR e da Região Sul descobrimos que é o Pico Paraná, na Serra do Ibitiraquire, bem próximo de Curitiba.

Partimos então por volta de 8 horas do dia 8, feriado de Corpus Christi, em direção à Bento Gonçalves. Nesta primeira etapa o auto (Ford Ka preto do Ricardo) já ficou cheio de mochilas e materiais de acampamento. Quando pegamos o Maiquel no trevo que vai para Farroupilha, sua mochila teve que ficar entre os passageiros, no banco de trás.

Por sugestão do Ricardo, para evitar o trânsito intenso perto do Caxias, atalhamos pela estrada que vai para Nova Roma do Sul. Foi um erro. Mesmo que a estrada parece deserva, eram tantas curvas (na descida até o Rio das Antas) que fiquei enjoado. Enfim, não rendeu, chegamos passado do meio dia em Antonio Prado e decidimos ir até Vacaria para almoçar. Chegamos no Restaurante Peretti já passado das 13h, mas fomos bem atendimos e almoçamos sem pressa.

Neste primeiro dia de viagem sabíamos que seria um dia inteiro viajando. Assim, seguimos sem pressa pelo planalto catarinense. Primeiro passando por Lages, depois Santa Cecília e por fim nos aproximamos da fronteira, passando sem perceber para o lado paranaense no entardecer. Ali a divisa é logo depois de Mafra. Numa certa altura, depois, nos vimos rodando em uma pista duplicada e pelo GPS entendemos que se tratava da Régis Bittencourt. Era hora de fazer contato com o ponto de pouso: apartamento alugado pelo Airbnb em Campo de Santana.

Por dica de nossa anfitriã, paramos antes para jantar, no Posto Pelanda 16, onde havia comida caseira. Por sinal, bem movimentado. Dali, saindo da auto pista, adentramos o vilarejo e seguimos até o local do pouso. Não havia ninguém no local, a comunicação era por whatsapp e a chave ficava num cofrinho, com senha, logo na entrada do prédio. Tudo certo até o momento que fomos vistos pela câmera da recepção. A reserva era para três e na imagem surgiu um quarto personagem. Era o Boáz, visto que na ocasião que foi feita a reserva, ele não figurava como integrante da tripulação. O assunto foi resolvido através do pagamento de mais 50 reais por pix.

O dia 9 de junho amanheceu novamente radiante. Para o mês de junho, o que estávamos vivendo era uma anomalia. Temperaturas acima dos vinte graus, céu limpo e baixa umidade. Da primavera em diante começam as chuvas e no verão há o perigo das descagas elétricas. Retornamos para a Régis e contornamos a cidade pelo anel rodoviário. Era sexta feira e estávamos no caminho de São Paulo. Havia movimento, mas não era tanto. Pudemos atingir 130km/h em alguns pontos, o que o auto até que se comportou bem.

A entreda para a Fazenda Pico Paraná é pouco sinalizada, tem que ficar de olho no GPS. Chegamos a passar ela uma centena de metros e retornamos de ré pelo acostamento. No caminho até ali já era possível avistar a Serra do Ibitiraquire cobrindo o horizonte a estibordo. O diferencial em relação ao relevo do RS e SC é que no PR o planalto mantém uma altitude média de 900m, porém ali a Serra do Mar se projeta sobre o planalto, quase mil metros acima, trazendo à paisagem um "ar de cordilheira".

Por conta da janela de tempo favorável, o camping da fazenda estava lotado. Tivemos que estacionar na ladeira que antecede o riacho. Separamos tudo que íamos precisar e já descemos com as mochilas. No bar, ao registrar a presença, organizamos o resto que faltava. A ideia era usar uma mochila cargueira nas costas e outra mochila menor no fronte, para balancear o peso. O objetivo era ir até o A1 e fazer ali o pernoite. Para isto precisávamos de barracas, isolantes, sacos de dormir e alimentação, por isto a quantidade de mochilas. A ideia de por a mochila menor na frente parece que não foi muito bem aceita, kkk.

Por volta de 10 horas iniciamos a trilha cerro acima. E o começo já foi bem desafiador, sorte que abrigados do sol. A trilha estava bem movimentada. Logo fizemos amizades as quais se prolongaram até o dia seguinte. Muitos já estavam descendo, visto que tinham estado na montanha no dia anterior, que era por si o feriado.

Não havia pressa no passo e isto tardou o progresso. Os mais de trás demoramos duas horas até o Getúlio. Ali descansamos um pouco e tivemos a vista do Caratuva e do Itapiroca. Pelo Youtube já sabíamos que a trilha passava pelo meio dos dois. Pé na trilha!

O próximo ponto de interesse é na bifurcação da trilha do Itapiroca. Um espaço abrigado para descansar fazer um registro fotográfico. Para a direita, o caminho a seguir. Alguns tinham ido um pouco mais adiante, na fonte, para abastecer as garrafas, depois iriam seguir a trilha do Caratuva. Nós seguimos até a fonte e preparamos o almoço ali.

De tarde retornamos para a trilha por volta das 13:30 e seguimos em um novo cenário: desnível e raízes obstruindo o caminho. Como este trecho é Reserva Nacional, não há nenhuma benfeitoria no caminho, diferente do trecho inicial que pertence à Fazendo Pico Paraná. Seguimos, sendo que o Joede e MK foram na frente. Depois da bifurcação do Itapiroca eu também me separei do Boáz visto que agora não chance de ir em outra direção. Até o A1, seria declive e me animei, no entanto, a quantidade de raízes atravessando a trilha tardou qualquer expectativa!

Cheguei no A1 16:30. Por ser junho, já no entardecer. O Joede já tinha reservado um local para acamparmos. Diferente dos outros lances descampados, ali ventava muito e por isto optamos por colocar as barracas em uma ladeira, pelo menos parcialmente abrigada do vento. Já escurecendo o Boáz chegou. Em um costado preparamos a janta e combinamos o dia seguinte: dois iriam para o cume e dois ficariam para desmontar o acampamento e iniciar o retorno. A ideia de levar muito material trouxe esgotamento físico.

Durante a noite a trilha continuava a ser percorrida. Com lanternas nas testas, os trilheiros passavam pelo acampamento e se dirigiam para o maçico do Pico Paraná. Isto nos fez refletir sobre o nosso erro, de ter vindo com tanto material. Até uma cadeira desmontada eu tinha levado. A estratégia eficáz é trazer só o que precisa e não acampanhar. Nisto é necessário calcular que horas ou que momento quer presenciar no cume: estes estavam indo neste horário para ver o nascer do sol.

De madrugada partiram o Joede e o Mk rumo ao cume. Nós outros nos levantamos no amanhecer e registramos os que estavam no cume...

A primeira imagem deste post é também registro deste momento. Sem pressa desmontamos fizemos o desjejum e desmontamos o acampamento. Na saída deixamos as mochilas do Joede e do MK no mesmo local. Seguimos de volta, com a frustração de não ir ao cume, no entanto sabendo da capacidade de fazer todo o trajeto de volta sem imprevistos. Seguimos.